BISSAU — Em um golpe que reverte o processo eleitoral no país, militares da Guiné-Bissau declararam nesta quarta-feira (26) que assumiram o controle total do Estado, suspendendo o processo eleitoral e dissolvendo as instituições republicanas.
Os soldados em nome de um novo órgão, o High Military Command for the Restoration of Order, anunciaram a medida em comunicado veiculado pela televisão estatal. No pronunciamento, afirmaram que, diante de um suposto plano de “manipulação dos resultados eleitorais” e “ameaça à ordem pública”, tomavam o poder até segunda ordem.
A ação aconteceu três dias após eleições gerais (presidenciais e legislativas) cujos resultados ainda não haviam sido divulgados. Ambos os principais candidatos, o presidente em exercício Umaro Sissoco Embaló e o opositor Fernando Dias da Costa, haviam declarado vitória, gerando clima de tensão no país.
Relatos de tiros perto do palácio presidencial e da sede da comissão eleitoral precederam o anúncio militar. Logo após, foram instalados bloqueios em vias de acesso, e soldados fortemente armados assumiram o controle de pontos estratégicos da capital, Bissau.
No comunicado, os militares declararam a suspensão imediata das atividades dos meios de comunicação, fecharam as fronteiras terrestres, marítimas e aéreas, e instituíram um toque de recolher. A justificativa oficial é a restauração da ordem e segurança diante da suposta instabilidade política e social. A tomada do poder reacende temores de retrocesso democrático no país que desde a sua independência, em 1974, já viveu diversos golpes e períodos de instabilidade. Com a interrupção abrupta do processo eleitoral, a comunidade internacional, organizações regionais e observadores pedem o restabelecimento imediato da normalidade institucional.
